Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) esteve na cidade na quinta-feira (24/03) para uma visita à Fazenda Pública Joaquín Piñero, no Espraiado, e à sede da Secretaria de Agricultura, em Ubatiba, para conhecer a fábrica de desidratados Édio Muniz, onde são processados alimentos como banana, aipim, abóbora e tomate. O grupo deve conhecer ainda as hortas comunitárias e a praça agroecológica de Araçatiba.
Diretor de Inovação Científica do ICTIM, Cláudio Gimenez destacou que as parcerias com universidades são fundamentais para futuros projetos, agregando pesquisas para a produção de insumos e alimentos que possam ser produzidos localmente. “Com os convênios firmados entre o ICTIM e as universidades, professores, mestrandos e doutorandos estarão envolvidos em diversos projetos no município, ajudando a gerar uma rede de conhecimento local”, explicou Gimenez.
Cidade reúne condições ideais e ganha apoio de pesquisadores de renome
Ecossistema alimentar é a integração entre os produtores, consumidores e poder público, gerando sustentabilidade, no sentido econômico e social, porque o munícipio produz e compra para fornecer para a própria população. O nome do conceito faz uma alusão à cadeia alimentar, em que organismos estabelecem relação de alimentação em um ecossistema. A cadeia é composta por produtores, consumidores e decompositores. No meio ambiente, os seres vivos interagem entre si, transferindo matéria e energia por meio de nutrição.
Para o professor de Engenharia de Produção da UFRJ, Francisco Duarte, Maricá tem condições muito interessantes, do ponto de vista da produção e do consumo de alimentos, que tornam a cidade ideal para a implantação do ecossistema alimentar.
“Vimos aqui experiências inovadoras, tanto institucional quanto socialmente, que favorecem o trabalho de produzir comida saudável e acessível a toda a população, especialmente aos que mais necessitam. Os projetos que conhecemos hoje tornam a Secretaria de Agricultura uma parceira muito importante”, afirmou o pesquisador. Francisco Duarte também foi o responsável por trazer a Maricá o francês Cristian Duterte, professor da Universidade de Paris e presidente do Instituto Europeu da Economia da Funcionalidade e da Cooperação, que acompanhou as visitas.
“O instituto presidido por Duterte busca um modelo econômico capaz de gerar renda e fazer frente aos problemas sociais e de sustentabilidade. Na França, atuam fortemente junto aos produtores rurais, também visando a criação desses ecossistemas alimentares sustentáveis”, destacou Duarte.
Pesquisador francês vê engajamento de secretarias e órgãos públicos
Lecionando como professor visitante na UFRJ e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Duterte mostrou-se bastante impressionado com a visita a Maricá. Segundo ele, um ponto positivo é a questão de a alimentação na cidade ser tratada como um bem comum, essencial para o desenvolvimento social, ao atender as crianças nas escolas, as pessoas em vulnerabilidade social e os trabalhadores de baixa renda, além de impulsionar a geração de renda e o cuidado ambiental.
“A questão alimentar aqui é integrada à dimensão cultural, e isso é valioso! Há um engajamento muito forte das secretarias municipais e de órgãos como o ICTIM no projeto. Quero conhecer mais coisas, voltarei muitas vezes a Maricá”, disse o francês.